sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Estudo registra cinco espécies de aves pela primeira vez no Brasil


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Pesquisador mapeia 655 espécies de aves no Acre e realiza novos levantamentos em regiões que ainda não haviam sido visitadas por ornitólogos Com o objetivo de determinar quantas e quais são as espécies de aves do estado do Acre, como estão distribuídas dentro do estado e qual o seu estado de conservação, o biólogo Edson Guilherme da Silva desenvolveu em seu doutorado a tese "Avifauna do Estado do Acre: Composição, Distribuição Geográfica e Conservação".

Os dados levantados por Silva, que é professor do Centro de Ciências Biológicas e da Natureza da Universidade Federal do Acre (Ufac), confirmaram 655 espécies no estado, distribuídas em 73 famílias e 23 ordens. Cinco delas foram registradas pela primeira vez em território brasileiro: flamingo-da-puna (Phoenicoparrus jamesi), pica-pau-anão (Picumnus subtilis), arapaçu-de-tschudi (Xiphorhynchus chunchotambo), flautim-rufo (Cnipodectes superrufus) e caneleiro (Pachyramphus xanthogenys).

"Minha tese tenta sintetizar e descrever da forma mais acurada possível a diversidade e a distribuição de um grupo animal específico, as aves, ao longo do estado", resume Edson Silva. A tese de doutorado, defendida no ano passado, teve orientação do professor José Maria Cardoso da Silva, no âmbito do Programa de Pós-Graduação de Zoologia, mantido pelo Museu Goeldi e a Universidade Federal do Pará (UFPA).

Ponto de partida

De acordo com o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO), o Brasil possui atualmente 1.825 espécies de aves (eram 1.820 no período de elaboração da tese de Edson Guilherme). Segundo Silva, o país é um dos mais ricos em espécies da América do Sul.

Algumas localidades do oeste amazônico, situadas próximo ao sopé dos Andes, revelaram a presença de mais de 500 espécies de aves e, na região, a maioria das áreas de endemismo para aves é delimitada pelas margens dos grandes rios, como por exemplo, o Madeira, o Tapajós e o Xingu.

Estudos de campo

Durante os anos de 2006 e 2007, foram realizadas vinte expedições ao Acre com o objetivo de registrar e coletar aves, e as regiões escolhidas para os novos inventários foram aquelas onde havia pouco ou quase nenhum levantamento ornitológico prévio. Os espécimes coletados foram taxidermizados e depositados na coleção ornitológica do Museu Goeldi.

A partir dessas informações, então, foi elaborada uma base de dados com todas as localidades do Acre onde pelo menos uma ave tenha sido registrada, coletada e depositada em algum museu, sua taxonomia e distribuição, além da confecção de um mapa de distribuição de cada espécie onde se apresentam os locais onde a ela foi registrada.

Foram compilados 7.141 registros de aves para o todo o estado do Acre. Por influência desse estudo, a avifauna acreana teve um acréscimo de 45 espécies e, de todas as espécies confirmadas para o Acre, 22 são conhecidas em território brasileiro apenas a partir dos registros feitos no estado.

Das 655 espécies registradas, apenas uma (Sporophila maximiliani, que pode ter sido introduzida) está na lista das aves brasileiras ameaçadas de extinção divulgada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). No entanto, tendo como base a lista vermelha de espécies ameaçadas divulgada pela IUCN (International Union for Conservation of Nature), há no Acre dez espécies classificadas na categoria "Quase Ameaçada", segundo Edson Guilherme.

A pesquisa registrou, ainda, 59 espécies migratórias (oriundas de sítios de reprodução fora do bioma amazônico), dos tipos migrantes neárticas (provenientes do hemisfério norte), intra-tropicais, ou austrais (do sul da América do Sul). Em relação às 596 espécies de aves florestais residentes (que se reproduzem no estado), a maioria (405) se distribui em todo o Acre - o que pode ser reflexo das poucas barreiras físicas presentes no relevo estadual.

Para o autor da tese, o grande número de espécies registradas no estado do Acre corrobora a ideia de que o sudoeste amazônico é, de fato, uma região de alta diversidade avifaunística. "Para se ter uma ideia, as 655 espécies confirmadas representam mais da metade de todas as espécies de aves registradas na Amazônia", acrescenta, lembrando que o número de espécies detectadas deverá aumentar quando novos levantamentos forem realizados.

(Com informações da Agência Museu Goeldi)

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