Baiana do acarajé: estímulo às tradições locais/Martim Garcia/MMA
Novo perfil de viajante em férias ganha espaço em todo o mundo: respeita o meio ambiente, favorece a economia local e o desenvolvimento social e econômico das comunidades.
Sophia Gebrim/MMA
O turista que viajar pelo Brasil no mês de julho já pode levar na mala o Passaporte Verde, lançado durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). Iniciativa da força-tarefa internacional para o desenvolvimento do turismo sustentável, no Brasil a campanha é coordenada pelos ministérios do Meio Ambiente e do Turismo, em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). O passaporte traz orientações e dicas para um novo tipo de turismo que vem ganhando espaço em todo o mundo, que respeita o meio ambiente, favorece a economia local e o desenvolvimento social e econômico das comunidades.
As práticas do turista sustentável vão desde o planejamento até o meio de transporte utilizado na viagem. "Ao escolher seu destino, ele deve certificar-se que o local oferece meios de transporte, acomodações e tratamento de lixo e esgoto adequados", destaca o coordenador da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável (SEDR) do Ministério do Meio Ambiente, Allan Milhomens. Para isso, deve preferir acomodações que tenham equipamentos eficientes e que permitam o uso racional da energia e da água e priorize o serviço de guias e condutores integrantes das comunidades locais. Além de preocupe-se com as emissões de gás carbônico dos meios de transporte que utiliza.
CULTURA E TRADIÇÃO
Após escolher o destino, o turista deve buscar informações sobre a região a ser visitada, cultura e tradição do seu povo, o que garantirá uma melhor convivência durante a sua permanência no local. Outra dica é buscar conhecer as Unidades de Conservação que permitem visitação, como parques, áreas de proteção ambiental, reservas de desenvolvimento sustentável, reservas particulares, entre outras. Conforme destaca o coordenador da SEDR, o interesse pelo contato com ambientes naturais favorece o trabalho de conservação desses espaços.
Ao fazer a mala, o viajante deve pensar no que deve levar na bagagem, já que a quantidade de itens aumenta o impacto da viagem, devido às emissões de gás carbônico e lixo que gera. Uma alternativa é tentar não levar de casa nada que possa encontrar no destino final ou comprar produtos de higiene ou alimentos nos mercados locais. "Sem contar que ao tomar essas atitudes, o turista estará contribuindo com a geração de empregos e aumentando a renda dos moradores", destaca o representante do MMA. Ele alerta, ainda, para o turista ter cuidado com pilhas, baterias e lâmpadas, pequenos objetos que contêm materiais tóxicos que contaminam a água e o solo quando descartados de forma inadequada. A dica é jamais jogar esse material no lixo comum e depositar esses itens em coletores específicos. Caso o turista não encontrar lugar adequado para depositá-los, traga-os de volta.
MENOS LIXO
Embalagens são um problema para o meio ambiente em qualquer ocasião, inclusive em viagens. A orientação é retirar as mercadorias das embalagens antes de viajar. Além de produzir menos lixo, o turista irá deixar sua bagagem mais leve, evitar emissões durante o transporte e poupar fôlego durante caminhadas com mochila. "Caso queira levar uma embalagem cheia, traga-a vazia na volta", orienta. Xampus e sabonetes líquidos ecologicamente corretos (biodegradáveis) já estão disponíveis. Uma alternativa é utilizá-los nas viagens e usar a menor quantidade possível. "Isso mantém as fontes de água potável, rios e mares livres de poluição". Além disso, o viajante pode dar uma finalidade cultural às revistas e aos livros que terminou de ler, deixando-os na própria comunidade ou na escola local.
Tanto para um fim de semana como para uma viagem mais longa, o turista sustentável deve escolher a acomodação que segue as mesmas práticas verdes que você deveria ter na sua casa. Esses cuidados vão desde o tipo de construção até o modo como o empreendimento se relaciona com seus colaboradores e com a comunidade. No Brasil, além da rede hoteleira e das pousadas, temos a opção de nos hospedar nas casas dos moradores locais em algumas regiões. Prefira instalações que se preocupem com a sustentabilidade nos seus serviços.
Dicas de práticas verdes para quem hospeda:
- Incorporar os princípios socioambientais à administração e ao treinamento das pessoas, que devem ser capacitadas para exercerem atividades de modo responsável;
- Reduzir o consumo indireto de energia, aquele embutido na fabricação dos itens de consumo, buscando oferecer produtos naturais, especialmente vegetais, feitos na região;
- Reduzir o impacto ambiental de novos projetos e construções, visando a preservação do cenário natural, fauna e flora, levando em consideração a cultura local na arquitetura. Materiais naturais, técnicas construtivas de baixo impacto e baixo consumo energético merecem atenção;
- Controlar e diminuir o uso de produtos agressivos ao ambiente, como amianto, CFCs, pesticidas e materiais tóxicos, corrosivos ou inflamáveis;
- Utilizar energias alternativas, como a solar e eólica, sempre que possível no planejamento das novas construções e instalações;
- Consumir água com racionalidade e eficiência, por exemplo, coletar e utilizar a água da chuva quando possível;
- Não permitir que haja qualquer vazamento de esgoto ou dejetos poluidores.
Atitudes que o turista sustentável deve ter:
- Evitar o uso desnecessário de água e de produtos químicos, utilizando por mais de um dia suas toalhas de banho e rosto;
- Ligar o ar condicionado, sempre com portas e janelas fechadas, e ventiladores apenas quando necessário;
- Recolher todo o lixo produzido e separar materiais recicláveis de restos orgânicos;
- Utilizar sacolas reutilizáveis de pano ou papel ao invés dos saquinhos plásticos nas compras;
- Na praia, utilizar protetor solar resistente à água para não poluir o mar e prejudicar a fauna marinha;
- Apagar as luzes e desligar os equipamentos do ambiente ao sair;
- Fechar a torneira enquanto escova os dentes. Assim, é possível gastar apenas dois litros de água ao invés de 60;
- Não retirar plantas, nem levar "lembranças" do ambiente natural para casa. Deixar pedras, flores, frutos, sementes e conchas onde foram encontradas para que outros também possam apreciá-los;
- Não comprar animais silvestres;
- Ajudar na educação de outros visitantes, transmitindo os princípios de mínimo impacto sempre que houver oportunidade de disseminar essa atitude responsável.