Uma tartaruga verde (Chelonia mydas) juvenil foi capturada acidentalmente em uma rede de emalhe na Praia do Cedro, em Ubatuba (SP), dias atrás. Ela trazia anilhas do Projeto Karumbé, do Uruguai, que havia marcado o animal em abril de 2010, em Cerro Verde, onde o projeto desenvolve atividades de pesquisa e conservação de tartarugas marinhas. Depois de tratada na base do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Tartarugas Marinhas (Tamar), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a tartaruga foi devolvida ao mar.
Fatos como esse reforçam a importância do programa de marcação de tartarugas marinhas, que no Brasil é mantido pelo Tamar. Por meio dele, pode-se traçar as principais rotas desses animais e definir ações de proteção mais eficazes. E para complementar o programa, o Tamar tem ainda o Estudo da Biologia das Tartarugas Marinhas através de Telemetria por Satélite, feito em parceria com o Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes) e outras instituições. A pesquisa reúne informações sobre o comportamento migratório das tartarugas.
Primeira vez
Duas outras tartarugas verdes marcadas em Ubatuba, em épocas anteriores, já haviam sido encontradas no Uruguai pelas equipes do Karumbé, mas essa foi a primeira vez que o Tamar de Ubatuba registrou um animal marcado lá.
No município cearense de Almofala, o Tamar registrou recentemente o encalhe de uma fêmea adulta de tartaruga verde, marcada no Suriname. Foi o primeiro registro feito pelo Centro, desde que o programa de marcação de tartarugas marinhas do Suriname foi reativado há dois anos, por meio do WWF Guianas.
Nos anos 70, quando o programa estava em plena atividade, os registros indicavam que a maioria dos animais marcados na região ia para o litoral do Ceará, área de alimentação, descanso e passagem para as tartarugas marinhas.
O Tamar tem ainda outros registros de tartarugas marcadas no Ceará e recapturadas em outros países como, por exemplo, Trinidad Tobago e Nicarágua. Sabe-se também que nos anos 60 e 70 dezenas de animais provenientes da Ilha de Ascención foram capturados em currais de pesca de Almofala.
Estudo
O Estudo da Biologia das Tartarugas Marinhas através de Telemetria por Satélite pesquisou os deslocamentos reprodutivos e pós-reprodutivos das espécies, fazendo inclusive análises de DNA e avaliação da influência da pesca oceânica nas áreas comprovadas de maior uso dos animais.
Além de identificar as regiões percorridas e os locais onde as tartarugas permaneceram por mais tempo – informações que vão facilitar o trabalho de conservação nas várias fases do ciclo de vida dessas espécies –, o programa de marcação e o estudo de telemetria por satélite indicam que as tartarugas marinhas que ocorrem na costa brasileira têm um período de vida compartilhado com outros países dos continentes americano e africano.
Segundo a coordenadora técnica nacional do Tamar, a oceanógrafa Neca Marcovaldi, as informações recolhidas são muito importantes para o planejamento e execução das ações de conservação das tartarugas marinhas. “São úteis, por exemplo, para subsidiar medidas de proteção, ordenamento da pesca, licenciamento ambiental e criação de áreas marinhas protegidas”.
Serviço:
Conheça o Projeto Tamar e o Projeto Karumbé e saiba mais sobre a rota das tartarugas.
do Portal ICMBio