Com área que equivale a 11 vezes o Ibirapuera, o Parque Ecológico do Tietê é opção de lazer para a população dos bairros da zona leste
Uma academia de exercícios numa sala rodeada por árvores, ar puro, vento suave, canto de pássaros, quatis saltitando na grama, bons profissionais para atender e tudo de graça. Parece sonho, mas não é.
Existe mesmo. Está instalada há três anos no Núcleo Engenheiro Goulart, do Parque Ecológico do Tietê (PET), administrado pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee). A academia atende a cerca de 350 pessoas em várias atividades físicas. O PET se localiza na zona leste da capital, próximo da Rodovia Ayrton Senna, ao lado de bairros pobres e densamente povoados, carentes de área de lazer.
Existe mesmo. Está instalada há três anos no Núcleo Engenheiro Goulart, do Parque Ecológico do Tietê (PET), administrado pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee). A academia atende a cerca de 350 pessoas em várias atividades físicas. O PET se localiza na zona leste da capital, próximo da Rodovia Ayrton Senna, ao lado de bairros pobres e densamente povoados, carentes de área de lazer.
Os professores de educação física são Ronaldo Natal e Rita de Cássia Paula da Silva. Natal explica que a turma é dividida em três atividades: musculação, ginástica e caminhada. Ele cuida da segunda, enquanto sua colega trabalha com musculação e caminhada nas trilhas do PET. Natal atende duas turmas em sessões de ginástica de 50 minutos cada.
Rita de Cássia trabalha com a equipe que malha nos cerca de 20 equipamentos da academia e também nos pesos (halteres). Ela informa que as pessoas procuram o local por vários motivos. “Há os que gostam de exercício simplesmente e aqueles que se movimentam por motivos de saúde, como diabéticos, ex-enfartados, gente com osteoporose, etc.”. As idades dos alunos variam de 16 a 84 anos. Os documentos necessários para inscrição são cópia do RG, comprovante de residência, foto 3x4 e atestado médico. Menor de 18 anos precisa de autorização dos pais. O aluno opta pelas sessões de exercício que quiser, escolhendo quantas modalidades preferir, entre musculação, ginástica e caminhada. Há horários e dias diferentes para as atividades físicas.
Gente que malha
O aposentado Antônio José de Oliveira sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) há mais de três anos e teve parte do corpo imobilizada. Ao recuperar os mínimos movimentos, procurou a academia do PET, ainda andando em cadeira de rodas, depois em andador. Mais de dois anos depois, seu Antônio vai todo dia fazer musculação andando a pé de sua casa, passos lentos com sua bengala. “Mas estou andando sozinho, depois de tanto exercício que fiz aqui na academia”. É o aluno mais assíduo de Rita.
A professora Derci Almeida Martins e seu filho, o analista de sistemas Fabrício Martins, frequentam a academia há quase dois anos. Ela também teve um AVC antes de completar 40 anos e perdeu parte do movimento do rosto. Ao ficar melhor, anos depois, começou a fazer exercícios e hoje raramente falta a uma das sessões. “Aqui é um ambiente familiar. Nós tratamos do corpo e também da mente, ao conversar com amigos todo dia”. Fabrício é autônomo, por isso consegue encaixar horário livre em seu trabalho para se dedicar aos equipamentos da academia.
Ele não tem problemas de saúde e faz exercícios pelo prazer de manter o corpo e a mente em bom funcionamento. “Este espaço é tão bom quanto qualquer outro em que a gente paga para se exercitar. Fiz muitos amigos aqui, também.
Diretor sustentável
O diretor do PET, Edson Aparecido Cândido, é todo sorriso e alegria ao falar de seu trabalho cotidiano. Ele conta com satisfação que o parque, com 114 milhões de m², é um dos maiores do Estado. “É cinco vezes maior que o Central Park (de Nova York) e equivale a 11 Ibirapueras”, assegura. As duas trilhas muito procuradas são de cinco e de nove quilômetros respectivamente, que podem ser estendidas. São 17 campos de futebol, que servem para treinamento de cerca de 150 times varzianos (amadores) da zona leste. Há também várias quadras para futebol de salão e vôlei.
O conjunto aquático é uma das grandes atrações no verão e recebe 10 mil pessoas entre os meses de setembro e abril, período mais quente do ano. Embora seja um parque público estadual, há também alguns serviços pagos, prestados pela iniciativa privada, como bicicletas, pedalinhos, trenzinhos e refeições.
Edson gosta de exaltar a importância que o parque tem para a população de São Miguel, Itaim Paulista, Guarulhos, Ermelino Matarazzo, Itaquera, Guaianases, Cumbica (Guarulhos), Ferraz de Vasconcelos e bairros adjacentes. Ressalta que nos fins de semana eles recebem famílias e convidados para confraternizações de casamento, batizado e aniversário. “É só agendar com antecedência que terão quiosque gratuito para fazer churrasco e comemorar”. O mesmo vale para escolas que desejam trazer alunos para tomar contato com a natureza.
Há também o Centro de Recuperação de Animais Silvestres. Ao local, são enviadas espécies brasileiras encontradas em situação de risco pelas polícias Ambiental, Militar, Rodoviária, Civil e Federal. Os bichos são tratados e devolvidos ao seu hábitat ou a outro local ou, ainda, soltos na mata do parque, se for o caso. Quem passeia pelos gramados ou trilhas do PET vislumbra grupos enormes de quatis, macacos-prego, pássaros locais e migratórios e, se tiver sorte, um casal de antas. Há ainda vários lagos, onde é proibido pescar, e também o Rio Tietê que margeia o parque.
Laranja Mecânica e estátuas
Uma das coqueluches do diretor Edson é o trator Valmet 1985, o qual estava encostado e tomado pelo mato quando ele assumiu a direção do PET, há dois anos. Edson contratou um jovem mecânico e ambos arregaçaram as mangas para consertar o veículo. Hoje, o Laranja Mecânica é usado na manutenção dos gramados e no roçado com capacidade de percorrer área de 8 mil m² por hora. Foram gastos apenas R$ 1,5 mil no conserto. Um similar usado custaria em torno de R$ 16 mil, e novo, R$ 82 mil. “Reaproveitar ao máximo o que dispomos é nosso lema aqui”.
Elias da Silva chegou ao parque há algumas semanas e pediu autorização para frequentar o local à procura de pedaços de madeira velha para fazer esculturas. Ele usa sua arte para esculpir pássaros, santos, máscaras, animais, carrancas. “Pedi licença para andar aqui porque carrego faca, estilete e objetos cortantes, e isto poderia assustar o visitante. Costumo fazer minhas peças aqui mesmo ou nas ruas”.
Da Agência Imprensa Oficial do Governo do Estado de São Paulo