Aperfeiçoamento de técnica reduz
emissão de poluentes em motores
JEVERSON BARBIERI/JORNAL DA UNICAMP
 
 
Ao                      longo das últimas décadas, as normas que regulamentam as emissões                      de poluentes, inclusive as produzidas por motores movidos                      a diesel, estão ficando cada vez mais exigentes. Em decorrência                      disso, nota-se uma busca constante, por parte dos fabricantes                      de motores envolvidos no processo, pelo desenvolvimento de                      novas tecnologias capazes de reduzir essas emissões e, consequentemente,                      melhorar a qualidade do meio ambiente. 
Foram                      ensaiados seis tipos diferentes de combustível: diesel comum                      metropolitano; diesel Euro IV; diesel comum metropolitano                      apenas com surfactante, além de outras três formulações de                      emulsões chamadas 1, A e B. O objetivo, segundo Sperl, foi                      melhorar a densidade e a viscosidade para funcionamento em                      motor diesel.
O                      ideal, segundo ele, seria a partir daí trabalhar com as micro-emulsões,                      uma vez que são mais estáveis. Isso significa não haver separação                      de fase da mistura por longos períodos de tempo, nem tampouco                      ter viscosidade alterada. 
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Publicação
Título da dissertação “Utilização de Emulsões de Água em Óleo Diesel Combustível para Redução das Emissões de Poluentes em Motores de Combustão Interna Ciclo Diesel”
Autor: André Sperl
Orientador: Celso Aparecido Bertran
emissão de poluentes em motores
Índice de óxido de carbono                        cai 22% e de material particulado pesado, 42% 
JEVERSON BARBIERI/JORNAL DA UNICAMP
Ao                      longo das últimas décadas, as normas que regulamentam as emissões                      de poluentes, inclusive as produzidas por motores movidos                      a diesel, estão ficando cada vez mais exigentes. Em decorrência                      disso, nota-se uma busca constante, por parte dos fabricantes                      de motores envolvidos no processo, pelo desenvolvimento de                      novas tecnologias capazes de reduzir essas emissões e, consequentemente,                      melhorar a qualidade do meio ambiente. No âmbito desse processo,                      o engenheiro mecânico André Sperl, que trabalha na área de                      desenvolvimento de produtos em performance e emissões da empresa                      MWM International Motores, aperfeiçoou uma técnica existente                      desde o final da década de 1970, que consiste em misturar                      água ao óleo diesel combustível, formando o que é conhecido                      como emulsão. 
Dessa maneira, conseguiu reduzir em 22% as emissões                      de óxido de nitrogênio (NOx) – considerado o poluente mais                      abundante produzido por esse tipo de motor – e em 42%, as                      de material particulado pesado (MP) sem quaisquer alterações                      mecânicas no motor. 
Sperl explicou que os resultados                      foram obtidos a partir de uma única estratégia inalterada                      de calibração de um motor diesel eletrônico de alta rotação                      3.0L, que atende os requisitos Euro III Heavy Duty. “Os testes                      foram realizados em motores abastecidos com as emulsões combustíveis                      em bancada dinamômétrica por 30 dias aproximadamente.
 Isso                      acabou prejudicando um pouco o consumo de combustível e a                      performance do motor, porque a emulsão tem um poder calorífico                      menor, além do fato de, se desenvolvida uma calibração do                      motor para as emulsões como combustível, os resultados poderão                      ser ainda melhores”, afirmou o engenheiro. A pesquisa resultou                      na dissertação de mestrado profissional de Sperl, da Faculdade                      de Engenharia Mecânica (FEM), orientado pelo professor Celso                      Aparecido Bertran, do Instituto de Química (IQ), ambos da                      Unicamp.
Emulsão é um sistema heterogêneo,                      que consiste de, pelo menos, um líquido imiscível disperso                      em outro em forma de gotas. O líquido que contém as gotas                      dispersas é denominado de fase contínua ou fase externa. O                      trabalho realizado por Sperl utilizou a macro-emulsão, que                      é quando as gotas, de maneira geral, têm diâmetros maiores                      a 0.1μm. Estes sistemas possuem uma estabilidade mínima, podendo                      melhorar com a adição de agentes ativos de superfície, como                      sólidos finamente divididos, entre outros. 
Na avaliação do                      pesquisador, os resultados oriundos da utilização da macro-emulsão                      são muito promissores, porém, ele tem uma expectativa positiva                      muito grande com relação à utilização da micro-emulsão. 
Trata-se, também, de um líquido                      disperso em outro, só que com tamanho de gota usualmente menor                      do que a longitude de onda da luz visível, tornando-as transparentes                      ou, no mínimo, translúcidas. São estáveis, devido à utilização                      de uma mistura de agentes tensos ativos de superfície, denominados                      surfactantes – que é um composto caracterizado pela capacidade                      de alterar as propriedades superficiais e interfaciais de                      um líquido, cuja característica fundamental é a tendência                      de formar agregados que, geralmente, formam-se a baixas concentrações                      de água.
Foram                      ensaiados seis tipos diferentes de combustível: diesel comum                      metropolitano; diesel Euro IV; diesel comum metropolitano                      apenas com surfactante, além de outras três formulações de                      emulsões chamadas 1, A e B. O objetivo, segundo Sperl, foi                      melhorar a densidade e a viscosidade para funcionamento em                      motor diesel. O combustível considerado mais viável a ser                      utilizado, justamente pelo fato de melhor poder calorífico,                      densidade e viscosidade, foi a emulsão “B”, uma vez que o                      surfactante tem a propriedade de agregar as moléculas de água                      ao diesel, ficando dessa maneira, disperso e fino, caso contrário                      não se misturam. 
A ajuda da equipe de Bertran, composta por                      Lucila Andrade, aluna de iniciação científica e Thiago Carvalho,                      aluno de graduação foi fundamental.
Além dos motores a diesel                      que equipam caminhões e ônibus, outra grande aplicação dessa                      tecnologia de emulsões seriam os motores estacionários e agrícolas.                      Sperl lembrou que num país de dimensões continentais como                      o Brasil é muito comum encontrar geradores de energia, principalmente                      em áreas rurais. Ademais, um país com vocação para a agricultura                      como o nosso possui uma frota de máquinas agrícolas demasiadamente                      grande.
 E do ponto de vista financeiro, prosseguiu o engenheiro,                      o uso das emulsões em larga escala não custaria mais do que                      o diesel atualmente. “Estaríamos fazendo menos mal ao meio                      ambiente e ainda sentiríamos isso no bolso”, argumentou.
Indagado qual seria o próximo                      passo no sentido de corroborar o que os ensaios de bancada                      dinamométrica resultaram, Sperl foi enfático ao afirmar que                      será fundamental testar esse “novo combustível” em uma frota                      real circulante, seja de um grande produtor, de uma fazenda                      ou de uma pequena cidade. Isso significaria testar definitivamente                      em campo e adotar o melhor modelo para distribuição em escala                      comercial. 
O                      ideal, segundo ele, seria a partir daí trabalhar com as micro-emulsões,                      uma vez que são mais estáveis. Isso significa não haver separação                      de fase da mistura por longos períodos de tempo, nem tampouco                      ter viscosidade alterada. Dessa maneira, garantiu o pesquisador,                      o desenvolvimento do processo teria uma estabilidade maior,                      com resultados melhores, além de um custo acessível e produção                      em larga escala. “Apenas na parte química teríamos alguma                      alteração, uma vez que o tipo de surfactante e o processo                      seriam um pouco diferentes”, disse. 
Os resultados obtidos e apresentados                      na dissertação, de acordo com o autor, são inéditos no Brasil.                      E isso é muito importante porque reforça a posição de liderança                      do Brasil, no âmbito da América Latina, nessa corrida pela                      ponta no desenvolvimento de tecnologias. Uma comparação com                      a Europa, por exemplo, deixa nosso país em uma confortável                      posição de concorrer com o que de melhor tem sido produzido                      no velho continente. Para o doutorado, Sperl prevê, além da                      utilização das micro-emulsões, uma calibração otimizada em                      performance, emissões e consumo de combustível para a utilização                      deste tipo de combustível.                   
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Publicação
Título da dissertação “Utilização de Emulsões de Água em Óleo Diesel Combustível para Redução das Emissões de Poluentes em Motores de Combustão Interna Ciclo Diesel”
Autor: André Sperl
Orientador: Celso Aparecido Bertran
Unidade:                      Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM)