Cidades já consomem 70% dos recursos naturais do planeta
    Relatório inédito do Programa das Nações Unidas para o Meio  Ambiente apresentado em Curitiba, nesta quinta-feira,  revela que  serviços ambientais podem economizar tempo e dinheiro para as economia  dos estados e municípios.
 Paulenir Constâncio/mma
Dados  da Organização das Nações Unidas constatam que mais da metade da  população mundial está nas cidades e já é responsável pelo consumo de  70% de todos os recursos que o homem retira da natureza. Até 2050, com a  estimativa de que a população do planeta supere 9,2 bilhões, a Terra  terá 6 bilhões de habitantes, quase 90% da população atual, vivendo no  espaço urbano. 
Diante desses números, governos estaduais, prefeituras e  comunidades precisam reconhecer o valor do capital natural (água, solo,  biodiversidade). Os formuladores de políticas públicas têm razões de  sobra para tentar encontrar, o mais rápido possível, soluções de combate  à degradação dos ecossistemas e minimização da perda da biodiversidade.
O  alerta está no relatório "A Economia dos Ecossistemas e da  Biodiversidade para Políticas Locais e Regionais (TEEB, sigla em  inglês)", lançado no Brasil, em workshop realizado nesta quinta-feira  (09/09) em Curitiba (PR) e simultaneamente na Bélgica, Índia, Japão e na  África do Sul. Nele, 140 especialistas das áreas de ciência, economia e  política de mais de 40 países concluíram que os serviços ambientais  podem impulsionar as economias locais, gerar milhões de novos empregos e  melhorar a qualidade de vida nas cidades.
Segundo  o diretor do Departamento de Biodiversidade do MMA, Bráulio Dias, que  representou a ministra Izabella Teixeira no encontro, o relatório "é  importante para que os gestores públicos reconheçam o valor econômico da  biodiversidade". Par ele, o documento pode ajudar na solução do impasse  entre preservação ambiental e desenvolvimento econômico. "Mostra (o  TEEB) que os serviços ambientais têm o papel de reduzir os impactos  ecológicos do desenvolvimento." 
O  documento reconhece e recorre a dados e exemplos para demonstrar que  ecologia e economia não só podem, como devem, caminhar juntas nas  políticas públicas. O relatório levanta, principalmente, a questão de  valoração e impacto do uso e preservação dos recursos naturais.
 Os  atuais níveis da pegada ecológica e social do homem, nome que os  especialistas dão aos recursos naturais necessários para que cada ser  humano viva, devem ser incluídos nas contas de planejamento das  economias locais. 
Bráulio cita como exemplos recentes enchentes e  desmoronamentos no Brasil com prejuízos econômicos elevados, e bem  superiores ao que seria gasto com medidas de preservação do meio  ambiente. 
O  relatório chama a atenção em três aspectos para as quais as políticas  públicas precisam estar voltadas: a distribuição dos benefícios da  natureza, o uso do conhecimento científico disponível e o engajamento  dos gestores e das comunidades envolvidas nas ações de preservação. 
O  relatório estuda, ainda, áreas protegidas e o aumento dos benefícios  locais da conservação, e dá orientações sobre os incentivos de  recompensa da boa administração de capital natural local, tais como  sistemas de pagamento localmente adaptados por serviços ambientais,  certificação e rotulagem.
Esse  é o primeiro de uma série de cinco relatórios, que serão levados à  Convenção da Biodiversidade (COP-10) em Nagoya, no Japão. Ele contribui  também para o Atlas Ambiental online da Agência Europeia de Meio  Ambiente, com estudos de vários esforços que já vêm sendo feitos para  associar ecossistemas e a biodiversidade nas iniciativas de políticas  locais.
 Segundo Achim Steiner, diretor executivo do Programa das Nações  Unidas para o Meio Ambiente, um dos organismos que realizam o workshop,  alguns governos locais já acordaram para o problema da preservação  ambiental e têm adotado as medidas necessárias, com ganhos para suas  economias locais. "Mas muitos ainda precisam aderir", acredita. 
Saiba mais: http://www.teebweb.org
    ASCOM